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Amado: pesquisa Quaest evidencia fracasso de Pimenta na comunicação do governo

Números mostram, por exemplo, que a maioria dos principais beneficiários da isenção do IR nem sequer sabia da medida

O ministros da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta.
Foto: José Cruz/Agência Brasil

A quinta rodada da pesquisa Genial/Quaest de 2024 não traz grandes novidades para o governo Lula. No geral, mostra que, ao final do segundo semestre, o trabalho do presidente é aprovado por 52% e reprovado por 47% do eleitorado, patamares estáveis em relação à pesquisa anterior, de outubro. O grande valor da pesquisa está nos números que evidenciam o fracasso de Paulo Pimenta na comunicação do governo. No momento em que Lula está inclinado em decidir por sua demissão, a Quaest trouxe mais argumentos.

A pesquisa mostra que apenas 38% dos entrevistados já sabiam, quando entrevistados, dos cortes de gastos anunciados na semana anterior pelo governo. Os demais 62% foram informados no momento da entrevista. O desconhecimento era especialmente grande (71%) entre mulheres, segmento do eleitorado que deu uma vitória mais ampla a Lula. Em resumo: a comunicação do governo não conseguiu fazer chegar a informação à população. Alguém poderia argumentar que os cortes, por não serem medidas exatamente populares, foram propositalmente negligenciados pela pasta de Pimenta. Mas como explicar os dados que a Quaest traz sobre a isenção do imposto de renda?

Só 43% dos entrevistados sabiam que quem recebe até R$ 5 mil não vai mais pagar o imposto. Para 56%, a informação só chegou no momento da entrevista. Novamente, entre mulheres, o desconhecimento era ainda maior: 62%. Na fatia do eleitorado mais beneficiada pela medida, aquele que ganha até dois salários mínimos, o desconhecimento era de 64%. Foi nesse segmento que Lula teve seus melhores números em 2022.

Na parte em que mostra os hábitos de mídia da população, a Quaest também traz dados desagradáveis para Pimenta e o governo, ainda que só repitam com outros números o que levantamentos do tipo vêm mostrando há anos. Televisão e redes sociais seguem empatados como os meios pelos quais as pessoas mais se informam sobre política, com 36% e 34%, respectivamente.

As redes ganham de lavada na faixa entre 16 e 34 anos, com 50% desse grupo informando-se sobre política por meio delas. Quem votou em Bolsonaro no segundo turno de 2022, ou seja, um eleitorado que deveria ser um público-alvo importante da comunicação do governo, também se informa principalmente pelas redes, 42%, com a televisão sendo usada por apenas 29% desse grupo.

Por que esses dados são ruins para a situação de Pimenta? Porque até hoje sua Secom não conseguiu botar na rua a robusta licitação de comunicação digital do governo, de R$ 200 milhões, que foi cancelada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) após indícios de quebra de sigilo das propostas técnicas. O ministério ainda dá voltas em torno do novo certame, enquanto o tempo passa e os dados colhidos por Lula estão aí para mostrar que a situação inspira cuidados e demanda pressa nos remédios.

Paulo Pimenta ganhou um respiro com a cirurgia e a internação de Lula. Sua permanência pelo menos até janeiro é dada como certa no Palácio do Planalto. Se o presidente insistir e mantê-lo, em nome da gratidão pelo tempo em que Pimenta brigou pelo “Lula, livre”, poderá não ter mais como dar um cargo ao amigo depois de 2026. Nem a ninguém mais.

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