O cerco das últimas semanas da Polícia Federal a Jair Bolsonaro e ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde março, tem as digitais do PT. Os inquéritos e procedimentos abertos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que resultaram em ordens do ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente e seu filho 03 têm como origem pedidos feitos por lideranças do partido.
O PlatôBR consultou os processos no STF sob relatoria de Moraes e que têm como alvo a escalada da ofensiva de Bolsonaro e aliados às investigações da trama golpista, que inclui a ameaça de tarifaço feita pelo presidente norte-americano Donald Trump. A maioria decorre de pedidos, como notícias-crime e representações, feitos por aliados próximos de Lula. Há também pedidos do PT e de órgãos federais como a AGU (Advocacia-Geral da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União).
Além de pedir abertura de investigações, como a que resultou no inquérito aberto no início de julho contra Eduardo Bolsonaro, as demandas pedem prisão, congelamento de contas, apreensão de passaporte e bloqueio das redes sociais. “Entrei com três representações pedindo medidas cautelares, uso e tornozeleira eletrônica por parte do Bolsonaro, que para mim havia vários indícios de que Bolsonaro estava preparando uma fuga”, disse o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara.
O líder da bancada do PT foi também quem abasteceu o STF com dados e pediu medidas restritivas contra Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro. “Essa decisão (de pôr tornozeleira em Bolsonaro) acontece no inquérito 4995, que é aquele que investiga as ações de Eduardo Bolsonaro fora do Brasil contra as instituições democráticas. Esse inquérito surge de uma representação que eu fiz no dia 23 de junho, escrevendo essas ações do Eduardo Bolsonaro.”
Lindbergh e o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo Lula no Senado, são autores de outro pedido importante, o de prisão de Eduardo Bolsonaro, que chegou ao STF nas últimas semanas.
Em entrevistas e declarações à imprensa e em vídeos publicados em seus canais e perfis de redes sociais da internet, as lideranças do PT e parlamentares têm destacado o avanço das ações da PF no cerco ao ex-presidente e aliados. Têm também comemorado e até ironizado, em alguns casos.
Foi o que fez, por exemplo, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu. Na sexta-feira, 18, dia em que o ex-presidente foi alvo de busca e apreensão da PF e foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica, por ordem de Moraes, ele publicou um vídeo em que simula rindo o som da chegada da PF à porta de Bolsonaro. “Toc, toc…” Na postagem feita pelo deputado em suas redes sociais, ele avisa: “É isso aí, pessoal. Polícia Federal hoje, agorinha, bateu na porta do Bolsonaro”.