Um dos organizadores do acampamento golpista erguido em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, no fim de 2022, foi denunciado pela PGR ao STF em julho. O cuiabano Rubem Abdalla Barroso Júnior, de 47 anos, era o responsável pela barraca que fornecia alimentação aos bolsonaristas ali reunidos para pedir um golpe de Estado. Abdalla ficou conhecido no acampamento como o chefe da “máfia do Pix”, que arrecadava dinheiro para manter a estrutura.

O chefe da PGR, Paulo Gonet, denunciou Abdalla e a companheira dele, Eloísa da Costa Leite, pelos delitos de associação criminosa e incitação ao crime pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais. A acusação foi feita ao Supremo em 9 de julho.

Segundo a PGR, o casal arrecadava dinheiro por meio de uma chave Pix vinculada à conta de Eloísa, que repassava valores a Abdalla. “Parte da quantia angariada foi destinada para incitar a prática de atos antidemocráticos mediante o fornecimento de alimentos aos frequentadores do QGEx”, escreveu Gonet.

Com base em relatórios da PF, a denúncia afirmou que, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, a conta de Eloísa teve R$ 1 milhão em créditos e R$ 738,5 mil em débitos. Rubem Abdalla recebeu dela R$ 185 mil, valores destinados à alimentação dos golpistas acampados, conforme a PGR.

“As operações bancárias realizadas por Rubem Abdalla Barroso Júnior e Eloísa da Costa Leite se deram aproximadamente dois meses antes do dia 8.1.2023, o que reforça a compreensão de que sejam valores arrecadados para custear a alimentação e estrutura do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, com a prestação de suporte material e moral para a ocorrência dos atos violentos de 8.1.2023”, concluiu Paulo Gonet.

A acusação também citou uma live, de 4 de janeiro de 2023, poucos dias antes do 8 de Janeiro, em que Abdalla convocou seguidores a irem a Brasília para participarem da mobilização golpista. Ele disse na gravação que o QG do Exército era o “ponto de encontro” para uma “marcha da liberdade” nos dias seguintes.

Abdalla fugiu do Brasil e se escondeu no Uruguai, mas foi preso pela Polícia Rodoviária Federal em novembro de 2024, em Rosário do Sul (RS). Ele havia retornado ao Brasil para comprar uma geladeira. Atualmente, está em liberdade.