Apenas quatro votos a mais do que o necessário. A apertada aprovação no Senado da recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, na quarta-feira, 12, animou aliados do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que enxergam nesse placar uma razão para acreditar em sua indicação por Lula para a vaga deixada no STF (Supremo Tribunal Federal) pelo ministro Luís Roberto Barroso.

O favorito de Lula, em todas as previsões, é o advogado-geral da União, Jorge Messias. No entanto, é crescente o sentimento de que Messias não alcançaria hoje o mínimo de 41 votos necessários para virar ministro, caso Lula opte por indicar seu nome. A aposta agora é de que Lula pode não querer amargar o desgaste de ter uma indicação sua derrubada, principalmente por ação dos bolsonaristas no Senado. Aliados do senador mineiro, que presidiu por dois mandatos a Casa e é nome preferido do atual presidente, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), calculam que Pacheco teria por volta de 70 votos. 

Para um nome próximo de Pacheco, o sentimento no Senado em relação a Messias é de que uma derrota seria considerada um “impeachment simbólico de um ministro do STF”, apontando, nesse caso, os pedidos de impeachment de integrantes do Supremo já protocolados no Senado pela oposição e que foram retidos por Alcolumbre.

As dificuldades enfrentadas por Gonet são as mesmas de Messias e têm a ver com a forte presença da direita no Senado. Em dezembro de 2023, quando obteve 65 votos para assumir a PGR, ele era visto como um conservador. Hoje, a contundente denúncia que ofereceu contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e o núcleo crucial da tentativa de golpe separa as duas votações. Senadores que votaram nele da primeira vez não repetiram a escolha. Ele recebeu 45 votos favoráveis e 26 votos contrários.

Um deles é o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), que revelou seu voto. Ele justificou o gesto com a alegação de que Gonet se mostrou omisso diante de prisões, censura e abusos de autoridade cometidos pelo STF, referindo-se às medidas contra Bolsonaro determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes. 

Líderes governistas confirmam que Lula já decidiu por Messias e enxergam a votação de Gonet como um reflexo do momento, que pode mudar quando a indicação for feita. Além disso, ainda confiam que Messias, como evangélico, pode angariar votos  de senadores nesse campo. Um fator porém é considerado importante, mas difícil de alcançar: convencer a trabalhar para o nome de Lula. O presidente do Senado está  totalmente envolvido com a indicação de Pacheco e o tem apontado como “seu nome” para a vaga. 

Enquanto isso, Pacheco aguarda uma reunião com Lula sobre esse assunto. O presidente não quer fazer a indicação sem antes conversar com o senador e decidir seu futuro político. O petista já disse que gostaria de ter Pacheco como seu candidato ao governo de Minas Gerais no ano que vem, mas o senador gostaria de ser ministro do STF. O senador Jaques Wagner, líder do governo no Senado, chegou a dizer que essa conversa entre os dois poderia ocorrer nesta semana, mas de acordo com interlocutores de Pacheco, o chamado de Lula ainda não ocorreu.