O Palácio do Planalto dá como praticamente certo que o esperado encontro entre Lula e Donald Trump vai ocorrer durante a visita do presidente brasileiro a Kuala Lumpur, na Malásia.

Duas fontes graduadas do governo disseram ao PlatôBR que a reunião bilateral deve mesmo se dar à margem da reunião de cúpula da Asean, a Associação de Nações do Sudeste Asiático, que começa nos próximos dias na cidade e que tem Lula — e Trump, por óbvio — como convidados.

A expectativa no governo brasileiro é de que a reunião entre Lula e Trump aconteça no próximo fim de semana ou na segunda-feira, 27.

Auxiliares do Planalto e diplomatas encarregados das negociações hesitam em confirmar o encontro porque ainda há tratativas em curso com a Casa Branca. Além disso, é praxe que o anúncio de uma reunião do tipo só seja feito em ação coordenada entre os dois governos.

O Planalto e o Itamaraty também temem falar oficialmente da bilateral sem a garantia plena de que ela ocorrerá para evitar que, em caso de um desencontro que obrigue um cancelamento, não reste a impressão de que Trump deu um bolo no brasileiro.

Lula embarca nesta terça-feira, 21, para a Ásia. A primeira parte da agenda será em Jacarta, na Indonésia, onde ele será recebido pelo presidente Prabowo Subianto. É uma retribuição à visita que o líder indonésio fez ao Brasil em julho passado.

Logo depois, Lula segue para a Malásia, para a cúpula da Asean. A viagem é parte de um esforço do governo brasileiro para ampliar o comércio com os países do sudeste asiático.

Está é a quarta grande viagem que o presidente faz à Ásia no atual mandato. Ele já esteve duas vezes na China, onde encontrou o presidente Xi Jinping, e, em outra incursão ao continente, passou por Japão e Vietnã.

Após um longo período de tensão política e diplomática que resultou, inclusive, na imposição do tarifaço a produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos, Lula e Trump se falaram rapidamente e se abraçaram durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, no mês passado. Trump chegou a dizer em seguida que teve uma “química excelente” com o brasileiro. Depois disso, os dois tiveram uma reunião por telefone.

Dias atrás, Lula brincou dizendo que não rolou uma química entre eles, como declarou Trump, mas uma “indústria petroquímica”. Se confirmada, a reunião bilateral na Malásia será a primeira em que os dois presidentes conversarão presencialmente e de maneira mais organizada desde o início do atual mandato de ambos.

Interlocutores de Lula estão animados com a aproximação e já falam em um novo e auspicioso momento na relação com Washington, apesar das iniciativas capitaneadas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que resultaram no tarifaço e em sanções a autoridades brasileiras.