Depois de semanas de adiamentos, o governo lançou na quarta-feira, 13, o plano de contingência para os setores da economia prejudicados pelo tarifaço dos Estados Unidos. O pacote prevê a liberação de R$ 30 bilhões em créditos, incentivo a compras governamentais de alimentos e ampliação do Reintegra, um regime especial para estímulo à exportação de manufaturados.

As medidas foram bem recebidas, com algumas ressalvas, no meio político e no setor produtivo. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), participaram da solenidade de lançamento do plano e sinalizaram disposição para aprovar, com prováveis modificações, a medida provisória assinada pelo presidente Lula sobre o assunto. Entidades empresariais como a CNI (Confederação Nacional da Indústria) apoiaram o socorro dado pelo governo. O mercado reclamou do impacto fiscal.

A presença de Motta e Alcolumbre no Palácio sinalizou uma reaproximação entre o Congresso e o governo depois da crise provocada pela derrubada em julho do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Em entrevista ao PlatôBR, o presidente da Câmara reafirmou a intenção do Legislativo de aprovar a pauta econômica do governo. 

Os partidos do Centrão também se mostram favoráveis ao plano de contingência e se alinham ao governo no enfrentamento ao tarifaço dos Estados Unidos. Com esse movimento, tendem a isolar as posições radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho Eduardo e aliados, que agem junto à Casa Branca para a aplicação de sanções contra o Brasil.

Motta e Alcolumbre atuam para apaziguar o Congresso
Passada a conturbação provocada pela oposição nos primeiros dias do semestre legislativo, o Congresso teve uma semana mais tranquila. Para acalmar os ânimos, Motta e Alcolumbre evitaram as agendas que potencializam as divisões internas. Nesse rumo, o presidente da Câmara optou por um rito mais lento na apuração pela corregedoria das denúncias contra os 14 deputados acusados de liderar a ocupação da mesa diretora nos primeiros dias do semestre.

Motta também empurrou para a semana que vem a definição das pautas mais importantes que serão levadas ao plenário. Com isso, freou os ímpetos da oposição pela priorização dos projetos de anistia dos condenados por tentativa de golpe de Estado e do fim do foro privilegiado, propostas que criam condições para a impunidade do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais réus nos processos no STF. Em sintonia com o governo, o presidente da Câmara indica a intenção de priorizar os projetos da área econômica, como a isenção de Impostos de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, e a proteção de crianças e adolescentes nas redes sociais.

No Senado, Alcolumbre barra o avanço da proposta de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do processo da tentativa de golpe e alvo dos bolsonaristas.

Terminou o prazo para as alegações finais de Bolsonaro
Acabou na quarta-feira, 13, o prazo para as alegações finais das defesas de Jair Bolsonaro e dos outros 33 réus pela tentativa de golpe de Estado na última transição presidencial. Sem grandes novidades nas últimas manifestações da defesa, os processos caminham para a fase final e devem entrar em julgamento em setembro.

Na quarta-feira, 13, o STF confirmou a eleição do ministro Edson Fachi para presidir a Corte a partir de 29 de setembro. Alexandre de Moraes será o vice no mandato de dois anos.

Com a aproximação do julgamento, aumentam as preocupações com segurança por causa do acirramento das tensões provocadas pelas pressões de Jair Bolsonaro e aliados contra o tribunal.

Trump critica o Brasil e Estados Unidos revogam vistos de brasileiros do Mais Médicos

A Casa Branca mantém o ambiente tensionado. Na quinta-feira, 14, em conversa com jornalistas, Donald Trump que o Brasil “parceiro comercial horrível” e criticou mais uma vez o processo contra Bolsonaro.

Em mais uma sanção ao Brasil, os  Estados Unidos revogaram na quarta-feira, 13, os vistos de dois brasileiros, Mozart Salles e Alberto Kleiman, ligados ao programa Mais Médicos. A justificativa para a medida, segundo o governo americano, é que a atuação dos dois faria parte de um esquema de “exportação de trabalho forçado” de profissionais do país caribenho.

A punição atende às pressões de Jair Bolsonaro e aliados nos Estados Unidos para tentar evitar a condenação dos responsáveis pela tentativa de golpe de Estado. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, e o empresário Paulo Figueiredo tiveram reuniões no mesmo dia da revogação dos vistos com autoridades dos Estados Unidos para tratar de medidas contra o Brasil.