A revolução tecnológica das últimas duas décadas transformou as relações de trabalho e o modo como as pessoas ganham o próprio sustento. A transformação dos hábitos com o desenvolvimento da internet, em especial, fez surgir um novo mercado: o dos criadores de conteúdo, que passaram a ter um campo aberto para difundir suas produções para públicos gigantescos, num fenômeno que vem moldando não apenas economias, mas também a cultura dos países.

As tendências e as perspectivas desse setor cada vez mais pujante serão debatidas no fórum “Brasil Criativo e Digital – o novo epicentro da cultura e da economia”, que o PlatôBR promove em Brasília nesta quarta-feira, 15, em parceria com o YouTube.

Entre os palestrantes confirmados está uma das maiores autoridades do mundo em comportamento do consumidor e hábitos de consumo no meio digital, o norte-americano John Deighton, PhD em marketing e professor da Harvard Business School. Ao lado da pesquisadora Leora Kornfeld, que também está entre os palestrantes do evento, Deighton coordena desde 2008 um estudo que monitora o impacto econômico da internet na economia dos Estados Unidos.

Os resultados são publicados a cada quatro anos pelo IAB (Interactive Advertising Bureau), principal organização global no segmento de publicidade digital. A versão mais recente do estudo, publicada neste ano sob o título “Medindo a Economia Digital: Publicidade, Conteúdo, Comércio e Inovação”, aponta que os números da economia digital mais que dobraram desde 2020 nos Estados Unidos e atingiram a impressionante cifra de US$ 4,9 trilhões — nada menos que 18% do PIB do país.

“Antes, o que víamos na TV era decidido por executivos e programadores. Agora, vivemos um ecossistema aberto, onde o público escolhe o que quer assistir. Os criadores independentes revolucionaram o consumo de mídia. Há conteúdos populares que jamais seriam aprovados por um canal tradicional”, diz o professor (leia entrevista aqui).

O evento contará também com a participação de representantes do governo e do Congresso. Entre eles, estão o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, e o deputado federal Julio Lopes (PP-RJ). A lista de painelistas inclui ainda Patrícia Muratori, diretora do YouTube para a América Latina, Ana Letícia Magá, diretora-executiva do Grupo Flow, e Guilherme Lenz, sócio da LiveMode/CazéTV.

Geração de riqueza
Principal plataforma para criadores de conteúdo no mundo, o YouTube tem tido um papel crucial na economia criativa e digital ao redor do mundo e, de forma especial, no Brasil. Entre 2021 e 2024, a plataforma pagou US$ 100 bilhões a criadores, artistas e empresas de mídia do mundo inteiro. No último ano, só no Brasil o ecossistema criativo que orbita em torno da plataforma teve uma participação no PIB do país da ordem de R$ 4,94 bilhões no PIB e gerou 130 mil empregos diretos e indiretos, segundo dados da Oxford Economics.

Líder de Políticas Públicas do YouTube para Brasil e América Latina, Alana Rizzo observa que 90% do conteúdo consumido pelos brasileiros na plataforma é nacional. Além disso, a busca por vídeos ao vivo ganhou força no país, impulsionada pelas transmissões de shows e pelos canais esportivos, que passaram a transmitir grandes eventos como a Olimpíada e campeonatos mundiais de diversas modalidades.

O desafio dos criadores brasileiros de conteúdo, diz Alana, passa por aumentar a audiência entre estrangeiros. Para isso, a empresa lançou ferramentas baseadas em inteligência artificial para dublagem e edição que ajudam a diminuir o tempo de produção dos vídeos, de modo que os produtores possam focar ainda mais no processo criativo. 

“A nossa tríade é formada pelos criadores de conteúdo, anunciantes e usuários. Gosto de olhar para o YouTube como um lugar onde os criadores criam pequenas empresas que se tornam grandes negócios”, afirma.

A força dos criadores de conteúdo no Brasil se traduz em números: o crescimento de canais na plataforma com receita na casa dos milhões de reais ultrapassou 30% em 2024.