O futuro digital e o compromisso social da Caixa
A transformação digital tem redefinido o setor bancário em todo o mundo, trazendo inovações e desafios significativos para as instituições financeiras. No Brasil, um país marcado por profundas desigualdades sociais e tecnológicas, a Caixa Econômica Federal, fundada em janeiro de 1861, demonstra que é possível avançar na digitalização sem perder de vista seu compromisso com a inclusão social.
Embora a digitalização tenha revolucionado o setor financeiro, milhões de brasileiros ainda dependem de agências físicas para acessar serviços bancários básicos, especialmente nas regiões mais remotas do país. A desigualdade no acesso à internet é um reflexo disso. Como o maior banco público da América Latina, a Caixa tem equilibrado a oferta de serviços digitais inovadores com uma presença física robusta, garantindo que a população, independentemente de barreiras tecnológicas ou geográficas, tenha acesso a serviços financeiros e programas sociais do governo federal.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, em 2023, cerca de 11 milhões de brasileiros viviam em domicílios sem conexão à internet, e 23 milhões não possuíam celular para uso pessoal, sendo que mais de 50% dessas pessoas apontaram falta de conhecimento ou custos elevados como principais barreiras para o pleno acesso e domínio às novas ferramentas digitais. Esses números deixam claro que, embora importante, a digitalização por si só não resolve as questões de inclusão financeira.
Apesar do avanço digital, a rede de agências da Caixa continua sendo essencial para atender a população, especialmente as que mais precisam de um suporte mais humanizado. Dados da Estatística Bancária Mensal por Município (Esteban), de outubro de 2024, destacam a importância das agências físicas para prestar atendimento de qualidade aos usuários. Em 53% dos municípios brasileiros (2.950 localidades), há agências bancárias, somando 15.883 agências no total. A Caixa, como maior banco público do país, desempenha um papel central: 3.258 dessas agências pertencem à instituição. Além disso, em 2024, em 1.605 municípios brasileiros (54,4%), a Caixa estava presente, sendo a única opção bancária em 1.052 dessas cidades.
Entretanto, o fechamento de 3.216 agências bancárias no Brasil desde 2019 evidencia um desafio crescente. Para muitos, as agências não são apenas locais de acesso a serviços financeiros, mas também de atendimento humanizado, essencial para quem enfrenta dificuldades com tecnologia ou necessita de suporte em situações mais complexas. Em um país onde a exclusão digital reflete as desigualdades estruturais, a presença física da Caixa funciona como uma ponte para a cidadania.
A atuação da Caixa é ainda mais relevante em regiões afastadas, onde a exclusão digital e econômica é mais acentuada. Nessas localidades, as agências viabilizam serviços como abertura de contas, acesso ao crédito e execução de programas sociais. O Minha Casa Minha Vida, por exemplo, financiou 6,6 milhões de unidades habitacionais em 15 anos, enquanto o Bolsa Família atendeu 20,8 milhões de famílias em 2024. Além disso, durante a pandemia, a Caixa foi responsável por distribuir R$ 354,6 bilhões do Auxílio Emergencial entre 2020 e 2021, reafirmando sua relevância no desenvolvimento social e econômico do Brasil durante a maior crise sanitária dos últimos séculos.
Para a Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa), é crucial que a Caixa continue sendo um banco público próximo da população e promova uma transformação digital inclusiva. A digitalização e a presença física das agências não são opostas, mas, sim, forças complementares, essenciais para prestar um atendimento de qualidade à população. Juntas, garantem que o progresso tecnológico esteja alinhado ao papel social da Caixa, promovendo cidadania e inclusão em todas as regiões do país, especialmente em comunidades mais necessitadas, garantindo que todos tenham acesso aos serviços bancários de forma justa e equitativa.
Sergio Takemoto é presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa) desde 2020. Ingressou na Caixa em 1982. Exerceu funções como gerente de relacionamento e coordenador de serviços. Atuou como delegado sindical, foi diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e diretor-presidente da Apcef/SP. Na Fenae, ocupou o cargo de vice-presidente na gestão 2018-2020. Foi secretário de Finanças da Contraf-CUT, de 2015 a 2020, e coordenador estadual da ONG Moradia e Cidadania, em São Paulo.
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