Dois nomes aparecem hoje no campo da esquerda como possíveis candidatos nas próximas eleições para o governo de São Paulo: os ministros Fernando Haddad (Fazenda), do PT, e Márcio França (Empreendedorismo), do PSB. O petista tem dito que não pretende concorrer a qualquer cargo em 2026; o socialista, ao contrário, manifesta todo interesse em voltar ao Palácio dos Bandeirantes, depois de ter comandado o executivo paulista em 2018, com a renúncia do titular, o atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), na época filiado ao PSDB, de quem era vice.
Apesar da resistência de Haddad, sua candidatura é defendida dentro do PT, por exemplo, pelo deputado Rui Falcão (SP), ex-presidente da legenda e candidato a retornar ao comando partidário na próxima eleição interna, marcada para julho. O ministro da Fazenda, lembrou o parlamentar, embora tenha perdido no interior paulista para o atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), venceu na capital e em municípios da Grande São Paulo. “Se houver a avaliação de que a escolha de seu nome é o melhor para o projeto político do partido, é evidente que pode ser ele”, diz Falcão.
Márcio França se apresenta como o nome lançado pelo PSB para concorrer ao governo e trabalha para tentar obter o apoio dos partidos de esquerda. Ele desistiu de ser candidato ao cargo em 2022, para apoiar Haddad e disputou o Senado, mas perdeu para Marcos Pontes (PL) e, no início do atual mandato de Lula, assumiu o Ministério de Portos e Aeroportos. Depois, foi transferido para a pasta do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
Segundo aliados, França tem expectativa de um gesto de gratidão do PT por ter apoiado Haddad (foto) em 2022. Em 2018, ele disputou no cargo o governo paulista, mas perdeu para João Doria (PSDB).
São lembrados também para concorrer ao governo paulista os nomes do próprio Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre Padilha (Saúde). Alckmin, no entanto, prefere continuar como vice-presidente e deve, a princípio, ser indicado novamente para a chapa governista que disputará o Palácio do Planalto. Esse é o desejo também do PSB, que o quer concorrendo a vice-presidente e, França, ao Palácio dos Bandeirantes.
Padilha, de acordo com políticos próximos, teria assumido compromisso com Lula de não ser candidato nas próximas eleições, como condição para assumir o Ministério da Saúde e, dessa forma, não ser obrigado a se desincompatibilizar em abril do próximo ano. Ainda assim, ele é citado como um eventual candidato ao Palácio dos Bandeirantes ou ao Senado - opção para a qual teria mais chances de ser indicado.
A definição do nome, ou dos nomes, da oposição, de qualquer forma, estará vinculada aos próximos passos de Tarcísio. Se ele for candidato à reeleição, será favorito e desestimulará o lançamento de concorrentes. Caso decida tentar o Palácio do Planalto, o que parece mais provável, certamente, aumentará o interesse de pretendentes ao seu cargo.
Campo conservador
Tarcísio não pode anunciar no momento que gostaria de concorrer à Presidência da República para não melindrar seu líder político, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda se diz candidato à sucessão de Lula.
Tarcísio evita se lançar logo ao Planalto, também, para não estimular o lançamento de outros pretendentes ao seu cargo. Se anunciar a intenção de alçar voo para Brasília, imediatamente, mexerá no tabuleiro da política paulista.
Mesmo sem assumir a intenção de concorrer à presidência, o governador estaria incomodado com a avidez de aliados que já saíram a campo de olho no Palácio dos Bandeirantes. Tarcísio não quer que alguns aliados, como seu secretário de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab, e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), comecem desde logo a disputar espaço para entrar na corrida eleitoral, o que poderia trazer consequências negativas para o final de seu governo.
Os dois são muito próximos de Tarcísio. Presidente nacional do PSD, Kassab foi um dos articuladores de candidatura a governador em 2022; Nunes teve o apoio de Tarcísio para a reeleição na prefeitura em 2024. Há ainda um terceiro aliado com pretensões de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes: o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL).
Nessas condições, para o governador, é mais conveniente afirmar ser candidato à reeleição. Mas seria apenas um jogo de cena, acreditam políticos do seu entorno.