Militantes de esquerda, autoridades, intelectuais e políticos aplaudiram de pé o discurso da presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, no sábado, 25, no ato inter-religioso que marcou os 50 anos da morte de Vladimir Herzog, na Catedral da Sé, em São Paulo.

A ministra pediu perdão pelos “erros e omissões” da Justiça Militar durante a ditadura (1964-1985) no Brasil. Ao citar nomes a quem pedia perdão em nome do STM, Maria Elizabeth disse:

“Eu peço perdão a Vladimir Herzog e sua família, a Paulo Ribeiro Bastos e à minha família”.

A referência da ministra à própria família tratava de seu cunhado, morto pelo regime. O mineiro Paulo Ribeiro Bastos militava no MR-8 e foi preso no Rio de Janeiro em 11 de julho de 1972, pelo DOI-Codi. Seu corpo jamais foi encontrado. Filho do general do Exército Othon Ribeiro Bastos, Paulo era irmão do marido da ministra, o general aposentado Romeu Costa Ribeiro Bastos.

Em agosto passado, a ministra e o general receberam a certidão de óbito de Paulo, em uma cerimônia na Assembleia Legislativa de Minas, quando mais 63 famílias receberam o documento, com a devida causa da morte registrada.

Ao pedir perdão, a ministra citou: “a Rubens Paiva e a Miriam Leitão e seus filhos, a José Dirceu, a Aldo Arantes, a José Genoino, a Paulo Vanucchi, a João Vicente Goulart e a tantos outros homens e mulheres que sofreram com as torturas, as mortes os desaparecimentos forçados e o exílio”.