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Prefeitos abrem novos mandatos de olho nas eleições de 2026

Com prefeitos reeleitos na maioria das maiores capitais do país, posse é mais um movimento de preparação para a próxima disputa

Eduardo Paes toma posse para seu quatro mandato como prefeito do Rio
Foto: Divulgação

Na manhã desta quarta-feira, 1º, quando começou a posse do novo prefeito do Rio de Janeiro, o clima era de déjà vu. Afinal, das últimas cinco posses, era a quarta vez que o protagonista era o mesmo: Eduardo Paes (PSD). Com o quarto mandato, ele bateu o recorde que era se seu padrinho político, Cesar Maia, que foi prefeito da cidade três vezes. Na cerimônia, Paes brincou com a marca: “É tetra!”.

Apesar da força na capital fluminense, Paes ainda não conseguiu ampliar o seu domínio para muito além das divisas municipais. Nas duas vezes em que disputou o governo do estado, em 2006 e 2018, acabou derrotado por Sergio Cabral Filho e Wilson Witzel, ambos com fim político dos menos gloriosos.

Depois de comemorar o tetra, apesar de não admitir, tudo indica que ele buscará um tri: uma nova disputa ao governo estadual. Desta vez, com a expectativa que a terceira disputa termine em vitória. Seria, no entanto, a primeira vez que ele deixaria o cargo para entrar em campanha.

Durante a posse, o prefeito carioca deu sinais de suas pretensões: reforçou a imagem do vice, Eduardo Cavaliere (PSD) como nova liderança política e alfinetou o governador Cláudio Castro (PL) ao anunciar uma atuação mais intensa na segurança pública, atribuição fundamentalmente estadual. Outro sinal da vontade de voltar a disputar a eleição estadual já havia sido dado durante a campanha do ano passado, quando insistiu para ter um vice de seu partido.

Se é o único que pode comemorar o tetra, a situação de Paes não se diferencia muito de outros colegas que tomaram posse nas capitais no dia, principalmente os que conseguiram a reeleição. João Campos (PSB), de Recife, é apontado como candidato natural a governador de Pernambuco, cargo que já foi ocupado pelo pai, Eduardo Campos, e pelo bisavô Miguel Arraes.

Com a reeleição garantida com folga ainda no primeiro turno, Campos já fez da disputa municipal do ano passado uma prévia da eleição do ano que vem. Viajou para outras cidades e se empenhou na campanha de aliados políticos, na construção de uma base que pode ajudá-lo em 2026. Assim como Paes, definiu seu vice a partir de uma escolha pessoal: seu ex-chefe de gabinete Victor Marques (PCdoB).

Mesmo quem não tem o caminho tão livre, tratou de aumentar suas articulações. É o caso de Ricardo Nunes (MDB), que tomou posse em São Paulo à tarde. Ele era vice na chapa de 2020 e tomou posse depois da morte do seu antecessor, Bruno Covas (PSDB). Para este novo governo, além de aumentar sua cota pessoal no secretariado, Nunes aumentou o espaço para o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e deu cargos a ex-prefeitos de cidades do interior e da Grande São Paulo.

Ricardo Nunes já anunciou que apoiará a reeleição do governador Tarcísio de Freitas (PR) em 2026. Mas, com a inelegibilidade de Bolsonaro, Freitas pode ser o candidato da direita à Presidência. NesSe caso, apesar de negar o interesse de disputar o Palácio dos Bandeirantes, o prefeito pode se tornar candidato natural ao cargo. O arranjo, caso se concretize, traz uma vantagem ao PL: o vice de Nunes é do partido, o coronel aposentado da PM Ricardo de Mello Araújo.

Na cerimônia de posse, Nunes tratou de alfinetar o presidente Lula. Citou, por exemplo, a ponte que caiu dias atrás na divisa do Maranhão com o Tocantins. Em entrevista à CNN, ele defendeu que o MDB, que hoje integra o primeiro escalão do governo federal, não se alie ao PT nas eleições de 2026.

Eleito em 2020 como vice de Alexandre Kalil, Fuad Noman (PSD) tomou posse para seu segundo mandato em Belo Horizonte. Com problemas de saúde, ele teve alta de uma internação no último dia 23 e sua posse foi virtual. Kalil deixou o cargo em 2022 para se candidatar, sem sucesso, a governador. Noman será agora importante na pré-campanha de outro Alexandre que busca o governo de Minas Gerais, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que se empenhou pessoalmente na vitória do aliado na capital.

A posse de Bruno Rodrigues como prefeito reeleito de Salvador também tem importância estratégica para o União Brasil. É o quarto mandato seguido do partido na capital baiana. Seu antecessor foi ACM Neto, que também administrou a cidade por dois mandatos seguidos. A supremacia do União em Salvador não se repete no estado, governado pelo PT há cinco mandatos.

Em Porto Alegre, o prefeito reeleito Sebastião Melo (MDB) assumiu o novo mandato com um aceno duplo: agradeceu ao presidente Lula pela ação do governo federal quando a cidade foi devastada pelas chuvas no ano passado e, em mensagem aos bolsonaristas, defendeu o direito de eles pregarem a volta da ditadura no país.

Eleito para um primeiro mandato em Fortaleza, Evandro Leitão foi o único petista a sair vitorioso em uma capital. Em seu discurso de posse, ele prometeu diálogo com outros grupos políticos. “Saiba que terão em mim um prefeito de portas abertas para um diálogo aberto”, afirmou.

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