Aos 80 anos, o extrativista e seringueiro Raimundo Mendes de Barros, primo do ambientalista Chico Mendes, ficou indignado com as hostilidades machistas a Marina Silva nessa semana, no Senado. Raimundão, como é conhecido, atuou ao lado da ministra pelos direitos dos trabalhadores dos seringais no Acre.
Ele classifica os parlamentares que agrediram e ofenderam Marina, em audiência na Casa, como “canalhas” e “covardes”. A ministra foi alvo sobretudo dos senadores Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, e Marcos Rogério, do PL de Rondônia.
“Um absurdo essas pessoas que pedem voto dizendo que é para defender os interesses do povo e tratam uma verdadeira defensora do povo, da Amazônia e do ecossistema com tamanha covardia como eles trataram Marina. Agrediram a companheira, não só o cargo que ela ocupa, mas a mulher Marina, a mulher brasileira, a mulher cabocla, a mulher da Amazônia. São uns covardes”, disse.
Morador da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, Raimundão lembrou que conhece Marina desde que ela saiu do seringal Bagaço para se alfabetizar, já adolescente, em Rio Branco. Ele afirma que sua indignação é compartilhada pelos extrativistas da região.
“Marina não tem só a minha solidariedade, mas de todos os homens e mulheres da floresta que conhecem pessoalmente ela, como eu conheci. Todos somos solidários e protestamos de forma veemente contra a grosseria que foi feita com ela”, disse.
O primo de Chico Mendes traçou um paralelo entre o episódio no Senado e a morte do ativista, executado em 1988, aos 44 anos, em meio a ameaças de fazendeiros e grileiros da região.
“Os que tiraram a vida do Chico são os mesmos que agrediram Marina no Congresso Nacional, não tem diferença. Os que estavam aqui eram os pistoleiros, comandados pelo latifúndio. Os que estão lá agredindo Marina, e agredindo outros companheiros, são os mesmos covardes, apoiam os covardes que assassinam no Pará, assassinam no Maranhão, assassinam aqui no Acre. São os mesmos”, afirmou.