O produtor Rodrigo Teixeira, indicado ao Oscar de Melhor Filme por "Ainda estou aqui", acredita que o sucesso da produção fez com que o audiovisual nacional ganhasse destaque no mundo. Exemplo disso, disse ele, em entrevista à coluna, foi a boa recepção no Festival de Berlim a "O último azul", longa dirigido por Gabriel Mascaro e estrelado por Rodrigo Santoro.
O filme venceu o Grande Prêmio do Júri, uma espécie de segundo lugar, na Berlinale.
Teixeira desembarcou em Berlim na quarta-feira, 19, para acompanhar a exibição de outro filme que ele produziu, do cineasta romeno Radu Jude: "Kontinental 25". O longa é um comentário ácido sobre a especulação imobiliária em Cluj, na Transilvânia. A obra foi vencedora do prêmio de Melhor Roteiro na competição. “Isso já é o reflexo de um maior interesse pelo Brasil, de uma internacionalização novamente do cinema brasileiro", analisou Teixeira. “O Brasil tem talento suficiente para estar representado e atrair essa reação em todos os festivais.”
As chances de Fernanda Torres
Na próxima terça-feira, 25, Teixeira estará de volta a Hollywood para o tradicional jantar na semana do Oscar. Ele acredita que a vitória de Mikey Madison, protagonista de "Anora", no Bafta, tradicional evento britânico realizado no último domingo (16), não altera as chances de vitória de Fernanda Torres na categoria de Melhor Atriz do Oscar deste ano.
Fernanda Torre interpreta Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, torturado e morto pela ditadura.
Fernanda venceu o prêmio de atuação dramática no Globo de Ouro e tem Demi Moore, de "A substância", como sua principal concorrente.
Mas, nos últimos dias, depois de Madison vencer o Bafta, gerando um interesse maior por "Anora", ela também passou a ser citada como um nome que pode derrotar Fernanda Torres e Demi Moore. Rodrigo Teixeira discordou dessa análise.
“Por mais que tenham muitos votantes do Bafta que votem no Oscar, o demográfico do Oscar é muito mais amplo. Eu continuo achando que o Oscar está muito mais entre a Fernanda e a Demi Moore”, apostou. "Qualquer outra atriz que ganhe seria uma zebra."
Teixeira disse ver Fernanda como a força motriz que tem impulsionado "Ainda estou aqui" ao sucesso – já são mais de cinco milhões de espectadores.
“A Fernanda foi um agente catalisador muito grande para trazer um interesse para o filme”, apontou.
“A imagem de força da Fernanda e o público brasileiro que começou a ver o filme ajudaram a elevar a proporção dele fora do país.”
O filme, no entanto, também recebeu destaque graças à distribuição feita pela Sony Classics, parceira de longa data do cineasta Walter Salles, nos Estados Unidos. A Sony abraçou "Ainda estou aqui" após ver o sucesso de público do filme durante o Festival de Nova York, em outubro de 2024, priorizando a produção brasileira como sua grande aposta ao Oscar.
“Você precisa ter uma distribuição nos Estados Unidos e precisa ter um bom trabalho de profissionais de relações públicas para trabalhar a campanha. Se você não tiver uma boa distribuição lá, por mais que acredite no potencial do filme, dificilmente se consegue fazer uma campanha efetiva para chegar na indicação ao Oscar.”
O Brasil nunca havia sido indicado à categoria de Melhor Filme do Oscar. Na de Melhor Filme Internacional, a que já concorreu outras quatro vezes, o país não era indicado desde 1999, com "Central do Brasil", também de Walter Salles. A entrega do prêmio será domingo que vem.