O Planalto conta com a atuação dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para barrar os pedidos de instalação de uma CPI sobre as fraudes nas aposentadorias e pensões do INSS. Para o governo, uma investigação desse porte no Congresso teria efeitos imprevisíveis - e em nenhuma hipótese positivos - em ano pré-eleitoral.

A oposição trabalha para criar uma CPI na Câmara ou, como alternativa, uma mista, com deputados e senadores. No primeiro caso, a instalação depende de um despacho de Motta; no segundo, de Alcolumbre. Os desdobramentos dessas ações dependem, portanto, das opções políticas dos dois comandantes do Legislativo, eleitos para seus cargos com apoio de governistas e oposicionistas.

As fraudes do INSS se tornaram o maior escândalo do terceiro mandato de Lula. Nem a demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, na última sexta-feira ameniza a crise no governo. Pela gravidade das denúncias, esse assunto será explorado com intensidade pela oposição.

Pelo lado do Planalto, a defesa é que as irregularidades começaram na gestão de Jair Bolsonaro, e que o governo atual investigou e descobriu os desvios. Mas falta explicar a razão da demora em conter a apropriação ilegal do dinheiro dos aposentados e pensionistas. E ainda precisará justificar o fato de Wolney Queiroz, substituto de Lupi, também ter participado da reunião de 2023 em que as denúncias surgiram pela primeira vez.

Para a oposição, esse caso é uma oportunidade valiosa para atacar o governo em uma área de grande sensibilidade nas urnas. O apelo eleitoral começa pelo nome da comissão de inquérito: “CPI do Roubo dos Aposentados”.

Lula viaja para Rússia e China; Congresso instala comissão do Imposto de Renda
Com a política agitada no Brasil, Lula foca na agenda internacional em viagem para Rússia e China, com agenda iniciada por Moscou na sexta-feira, 9. O presidente brasileiro cumpre extensa programação nos dois países e encerra a jornada no dia 13, em Pequim.

A viagem de Lula para os dois parceiros do Brics tem grande peso simbólico e comercial em um momento de turbulências globais provocadas pelas mudanças radicais na economia promovidas pelo governo Donald Trump. Com o presidente russo, Vladimir Putin, o petista também deve tratar da guerra na Ucrânia.

Na Rússia, Lula participará das celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, solenidade marcada por grande desfile cívico-militar na Praça Vermelha.

No Brasil, a agenda positiva do governo está na instalação na Câmara nesta terça-feira, 6, da comissão especial que vai analisar o projeto que isenta de Imposto de Renda as pessoas com renda de até R$ 5 mil. Presidida pelo deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA) e relatada pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), o colegiado deve promover mudanças no texto enviado pelo governo. Mas a tendência é que, com modificações, a proposta seja aprovada.

Copom se reúne para definir taxa de juros em clima de incertezas
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne esta semana com a expectativa do mercado de aumento da Selic em ritmo menor do que prevaleceu desde o final do ano passado, de um ponto percentual a cada reunião. As previsões apontam para uma subida de 0,25% ou 0,5% da taxa atual, que é de 14,25%.

A decisão levará em conta as incertezas do quadro externo, provocadas principalmente pelo tarifaço de Donald Trump, e os dados da economia interna. O anúncio da nova Selic será feito na quarta-feira, 7.

Expectativa no Vaticano: um novo papa pode ser anunciado nesta semana
As atenções do mundo católico se voltam nesta semana para o conclave que se reúne a partir da quarta-feira, 7, para eleger o sucessor do papa Francisco. As previsões indicam que a decisão deve ser tomada em até quatro dias. Por se tratar de um encontro sigiloso, as previsões sobre quem será o escolhido são imprecisas, mas se acredita que será um cardeal de perfil moderado. Certeza, mesmo, só quando sair a fumaça branca.