Dividido na avaliação da política econômica do governo Lula, a bancada do Psol na Câmara dos Deputados decidiu, em votação da maioria, na tarde desta quarta-feira, 5, demitir um de seus assessores, o economista Davi Deccache, por causa de críticas, principalmente, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Deccache, doutor em Economia pela Universidade de Brasília (UnB), criticava duramente Haddad e o governo em lives e entrevistas em veículos da mídia tradicional e em canais de esquerda nas redes sociais.
A decisão de colocar em votação o seu afastamento foi um dos primeiros atos da nova líder do Psol, Talíria Petrone (RJ). O desligamento de Deccache da liderança foi decidido por oito votos a cinco.
Votaram a favor os deputados Guilherme Boulos, Luciene Cavalcante, Erika Hilton e Ivan Valente, de São Paulo; Henrique Vieira, Talíria Petrone e Tarcísio Motta, do Rio de Janeiro; e Célia Xakriabá, de Minas Gerais, que são considerados mais próximos do governo. Ficaram contra a demissão cinco parlamentares: Sâmia Bomfim e Luiza Erundina, de São Paulo: Chico Alencar e Glauber Braga, do Rio; e Fernanda Melchionna, do Rio Grande do Sul.
Os parlamentares que reprovaram a demissão estão mais alinhados às correntes de esquerda do Psol e às críticas no interior do partido à política do governo. Deccache se posicionava contra a retirada de direitos de trabalhadores e às medidas do governo como o arcabouço fiscal e o pacote de cortes de gastos, além de defender “uma política de combate à extrema direita”.
O principal nome hoje do Psol, o deputado Guilherme Boulos, ex-candidato à presidência da República, em 2018, e à prefeitura de São Paulo, em 2020 e em 2024,é criticado internamente pelas correntes mais à esquerda do partido. De acordo com esses grupos, Deccache teria sido vítima de “um assédio motivado por perseguição política” do grupo de Boulos, chamado de “Revolução Solidária”, em “tentativa de subscever o Psol à agenda neoliberal progressista do governo”.