Fevereiro termina com mais uma pesquisa de opinião negativa para Lula. O levantamento Genial/Quaest divulgado na quarta-feira, 26, mostrou queda de popularidade do presidente em seis dos oito estados analisados no trabalho. Mesmo na Bahia e em Pernambuco, redutos eleitorais do petista, a aprovação do governo caiu 19 e 16 pontos percentuais, respectivamente.
Os números da pesquisa contrastam com os planos de Lula, conforme declarações de dezembro, de fazer de 2025 o “ano da colheita” de seu terceiro mandato no Planalto. Na época, Lula previa a decolagem dos programas implantados pelo governo nos dois primeiros anos, entre eles o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Contava também com retornos positivos pelos bons indicadores de crescimento econômico e de redução do desemprego.
No final do primeiro bimestre, a safra de realizações se revela insatisfatória para a população, segundo o levantamento. A expectativa otimista do presidente não se confirma nas ruas. Pesa contra o governo, principalmente, a inflação medida neste início de ano em itens essenciais para a família, como alimentação e habitação. Divulgado na terça-feira, 25, o IPCA-15 de fevereiro, do IBGE, apontou alta de 1,23% em fevereiro, maior percentual desde 2016.
A alta nos preços, no entanto, não explica sozinha o mau humor identificado no levantamento. Outros itens, como segurança e saúde também afetam a avaliação do governo, mas também são insuficientes para explicar as quedas abruptas nas avaliações sobre o terceiro mandato. O desafio de Lula e de sua equipe é identificar as razões da insatisfação geral, e encontrar caminhos para reverter a impopularidade até a campanha eleitoral de 2026.
Congresso e STF avançam em acordo, mas investigações sobre emendas continuam
Não houve a reunião agendada para quinta-feira, 27, entre os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, com o ministro Flávio Dino, do STF, para tratar de liberação de emendas parlamentares. Na noite de terça-feira, o Congresso enviou ao Supremo um plano de trabalho para atender as exigências de transparência e rastreabilidade na aplicação desses recursos, com identificação do autor e do beneficiário.
Dino homologou a proposta. Reafirmou, porém, que as investigações sobre desvios de emendas serão mantidas. São cerca de 80, segundo disse Dino a um grupo de parlamentares. Esse é um ponto fraco para o Congresso. O caso foi remetido ao. Até as 10h desta sexta-feira, em sessão virtual, dois outros ministros, Luís Roberto Barroso e Nunes Marques, haviam acompanhado o voto do relator.
A proposta do Congresso representa um avanço no entendimento com o STF para destravar a liberação das emendas. Na prática, o acordo significa que Motta e Alcolumbre cederam às exigências do Supremo para a retomada do fluxo de repasses dos recursos do Orçamento. Sem saída diante das exigências constitucionais sobre o uso do dinheiro públicos, os dois chefes do Legislativo aparentemente aceitaram o cumprimento das regras.
A reforma ministerial começou, falta ainda acomodar o Centrão
O presidente Lula anunciou na terça-feira, 25, a troca da ministra da Saúde, Nísia Trindade, pelo titular da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Primeiro passo da reforma ministerial prevista desde dezembro, a mudança ainda não contemplou nomes do Centrão. O bloco parlamentar deve aumentar o espaço no governo, mas Lula ainda não fechou os acordos pretendidos para a reorganização da base política. As especulações sobre os futuros indicados vão atravessar o Carnaval.
Pelo início da reforma, o presidente demonstra pouca preocupação com o desgaste dos auxiliarem que deixam o governo. Nísia caiu depois de longo processo de fritura dentro do governo, com críticas à sua atuação na pasta e constantes boatos de substituição. Para piorar, no dia que foi anunciada a saída, a ministra passou pelo constrangimento de participar pela manhã de uma solenidade sobre vacina, uma das áreas mal avaliadas de sua gestão. À tarde, foi avisada por Lula que deixaria o cargo.
Embate entre Brasil e Estados Unidos por causa do STF subiu de tom
O Comitê Judiciário da Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira, 26, um projeto que tenta proibir a entrada do ministro Alexandre de Moraes, do STF, naquele país. Essa iniciativa se soma a uma ação judicial contra Moraes protocolada na Flórida pela plataforma Rumble e pelo grupo Trump Mídia e Tecnologia, empresa do presidente Donald.
Moraes sofre os ataques por causa de suas decisões contrárias às plataformas digitais americanas com sede no Brasil, como a Rumble e o “X”. As iniciativas nos Estados Unidos provocaram reação contundente do Brasil. Na quarta-feira, o Itamaraty soltou uma nota para protestar contra a “tentativa de politizar decisões judiciais” e o respeito à independência dos poderes assegurado pela Constituição de 1988.
No dia seguinte, durante sessão virtual, o presidente do STF defendeu Moraes e lembrou o uso das plataformas para a “narrativa dos que apoiaram um golpe fracassado”. Na mesma ocasião, Moraes também reafirmou princípios Constituição brasileira e, ao rechaçar a tentativa de ingerência dos EUA, disse que o Brasil deixou de ser colônia em 1822.