O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), apresentou, nesta segunda-feira, 29, à mesa diretora e ao Conselho de Ética da Câmara uma reclamação devido à escolha do deputado Marcelo Freitas (União Brasil-MG) como relator do processo que pode resultar na cassação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A alegação do petista para pedir a suspeição do relator se baseia na falta de isenção para conduzir o caso.

Em vídeo gravado em 2019, Freitas chamou o investigado de “amigo”, declarando-se fiel a Jair Bolsonaro. O deputado também já se manifestou publicamente a favor da anistia, posição que o petista fez constar na representação, com pedido de outra escolha entre os três parlamentares sorteados para a relatar o caso. Os outros integrantes da lista tríplice são a deputada Duda Salabert (PDT-MG) e o deputado Paulo Lemos (PSol-AP). 

Salabert também divulgou um vídeo demonstrando seu posicionamento, só que contrário a Eduardo, e foi justamente essa postagem que levou o deputado Fabio Schiochet (União-SC), presidente do conselho, a não indicá-la como relatora. Para Schiochet, a parlamentar deixa explícito no vídeo que se posicionaria contra Eduardo se fosse escolhida, e isso representou um impedimento para ela.

No vídeo, a deputada lembrou que, seis anos atrás, Bolsonaro compartilhou nas redes sociais um discurso de ódio contra ela, que motivou mensagens e manifestações exigindo sua demissão da escola onde trabalhava. A parlamentar ainda ironizou o sorteio de seu nome: “Logo eu, que tenho uma relação tão íntima com Eduardo Bolsonaro”, disse a deputada, em postagem divulgada em suas redes sociais.

Ou seja, tem vídeo de um lado e do outro. Paulo Lemos não gravou vídeo, mas é filiado ao PSol, partido contrário a Bolsonaro. Ele diz que, se fosse o escolhido, conduziria o processo com “total respeito ao rito, assegurando o direito ao contraditório e à ampla defesa”. Mas não convenceu Schiochet. 

Eduardo tenta manter o mandato mesmo morando nos Estados Unidos desde março. Ele atua para influenciar o governo Donald Trump na aplicação de sanções contra autoridades brasileiras, na tentativa de reverter o julgamento do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado. O Conselho de Ética tem a função de analisar se essa atuação do deputado configura quebra de decoro parlamentar e, se for o caso, aplicar as sanções previstas no regimento, que vão de advertência até a perda do mandato.