PODER E POLÍTICA. SUA PLATAFORMA. DIRETO DO PLANALTO

Revoada tucana: governador do MS diz que não vai decidir futuro agora

Eduardo Riedel é um dos três governadores do PSDB. Seu nome, junto com o de Raquel Lyra (PE), está na lista dos que estariam planejando sair do partido

Eduardo Riedel, governador de Mato Grosso do Sul
Reprodução

Assediado pelo PSD e pelo PL, o governador tucano do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, diz que deixará para 2026 a decisão sobre uma eventual mudança de partido.

Dos três governadores do PSDB, dois estão sendo cortejados por outras legendas: além de Riedel, há especulações de que Raquel Lyra, de Pernambuco, também estaria prestes a deixar a legenda. Ela é cobiçada pelo mesmo PSD, de Gilberto Kassab.

O movimento é parte de um processo paulatino de esvaziamento e de perda de espaço do PSDB, que já governou o Brasil duas vezes com Fernando Henrique Cardoso, mas nos últimos anos tem sofrido baixas relevantes.

Eduardo Riedel é empresário do agronegócio e ex-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul). Antes de se eleger, era um quadro técnico da gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja, hoje tesoureiro nacional do PSDB.

Ao PlatôBR, Riedel indicou que deixará também para 2026 a decisão de concorrer ou não à reeleição. Fontes próximas ao governador afirmaram que as especulações sobre sua saída começaram após a aproximação de Azambuja com lideranças bolsonaristas locais. O ex-governador propôs, inclusive, uma fusão do PSDB com o PL.

Por causa das críticas à aproximação com o partido de Bolsonaro, o mais provável, segundo uma fonte próxima, será uma aproximação de Riedel com o PSD. Trata-se de um movimento importante. O PSDB, apesar de ter diminuído no país, é forte hoje no Mato Grosso do Sul. Entre os 79 municípios, na última eleição municipal o partido elegeu 44 prefeitos no estado -- que, brinca uma pessoa próxima ao governador, poderia até ser chamado de “tucanistão” por ser o único lugar no país onde a legenda tucana ainda continua forte.

Rejeição ao PL
A ideia de Azambuja de aproximar o PSDB do PL é rejeitada com veemência também por outros tucanos de expressão nacional.

“De modo algum, eu vejo como positivo isso (a aliança com bolsonaristas). O ex-presidente da República Jair Bolsonaro, que é do PL, foi indiciado. É um golpista. Ele participou de uma tentativa de desestabilizar a democracia. Não vou concordar com isso nunca. Em hipótese alguma”, reagiu José Anibal, ex-presidente nacional do PSDB e ex-líder do governo FHC na Câmara dos Deputados e atual presidente do diretório municipal do partido em São Paulo.

Como proposta para que o PSDB volte a crescer, Anibal propõe que o partido “vire essa página e, como já vem fazendo, ande pelos estados ouvindo as pessoas, definindo projetos e construindo posições que permitam uma sintonia melhor com a sociedade”. “O PSDB tem ainda um lastro suficiente para voltar a crescer. Temos de estar mais abertos às novas demandas e expectativas do eleitor, que se enquadrem em nosso ideário”, afirma o tucano paulista.

search-icon-modal