Tido como um adversário interno de Fernando Haddad dentro do governo, o ministro da Casa Civil de Lula, Rui Costa, teve um papel diferente daquele de seu colega da Fazenda na entrevista coletiva para detalhar as medidas do pacote de ajuste fiscal. Enquanto Haddad tentava ser diplomático, Costa tratou de ser incisivo nas críticas ao "mercado" e aos ricos.
Sentado próximo a Haddad, Costa acusou representantes do mercado financeiro de espalharem notícias falsas “para se aproveitar de picos” de elevação do dólar. De acordo com o ministro, teriam sido divulgadas notícias de que a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil seria antecipada para 2025, o que não procede.
“Isso circulou o dia inteiro. Se fosse antecipado para 2025, seria romper a previsibilidade. O presidente está sendo honesto com os eleitores que o colocaram na Presidência”, afirmou. Lula havia anunciado a medida durante a campanha eleitoral.
“Pelas notícias que vocês publicam, estava (o mercado) precificando, no presente, a possibilidade de um desequilíbrio futuro das contas públicas. E aqui está se garantindo que esse desequilíbrio de longo prazo não ocorrerá”, afirmou. “Se alguém criou expectativa de que seria anunciado em janeiro e não em dezembro, não foi o governo que criou essa expectativa.”
Rui Costa também criticou os mais ricos e disse que muitos não querem contribuir com a Previdência Social. “Ou querem pagar a metade ou nada. Como num conjunto de prédios ou condomínio, se um não paga, você tem de aumentar a taxa dos que pagam, para o elevador não parar e o prédio ficar sem água. Quem mora na cobertura não estava pagando nada, ou muito pouco. E quem mora no primeiro andar estava pagando sozinho a conta”, criticou.
O chefe da Casa Civil também rebateu as críticas de que teria trabalhado para desidratar o pacote de cortes de gastos de Haddad. “Há um compromisso do governo Lula com o equilíbrio fiscal, a responsabilidade fiscal e o arcabouço fiscal e esse compromisso foi assumido pelo conjunto dos ministros e ministérios”, disse.
“Esse conjunto de medidas foi construído conjuntamente por todos os ministros. Muitos foram ouvidos e o presidente arbitrou por esse conjunto de medidas”, acrescentou. Ele prossegui na queixa: “Não soma para o país esse tipo de abordagem de quem insiste em dizer que existem chapeuzinhos vermelhos e lobo-maus dentro do governo”.