Principal adversário de Edinho Silva na disputa à presidência do PT, o deputado Rui Falcão chega nesta segunda-feira, 2, ao primeiro debate da campanha com fome de retomar o posto que ocupou por duas vezes. Não admite, mas leva na bagagem um armamento pesado do ponto de vista ideológico para atirar no companheiro.
“Eu não estou fazendo campanha para marcar posição. Eu tenho posição. Ao contrário do Edinho, que você não sabe direito a opinião dele, né?”, cutucou o deputado, cujos apoiadores têm apontado para respostas que o ex-ministro de Lula tem dado em cima do muro. “Quem concorre, concorre para ganhar.”
Os petistas da CNB dão como certa a vitória de Edinho, que foi ungido por Lula e conseguiu a unidade do grupo, na reta final, com a articulação de Gleisi Hoffmann, que, no início, torceu o nariz para sua candidatura.

José Dirceu e Paulo Pimenta, no registro de candidatura de Edinho Silva (centro).
Mas Rui Falcão diz que a conta não fechou ainda:
“É, se eles estão dando como certo, eles estão fazendo as contas. Devem ter os dados aí, porque ninguém votou ainda, mas eles já estão projetando 55%, 60%. Só que ninguém votou.”
O deputado petista afirmou que falta equilíbrio financeiro entre as candidaturas. “É uma campanha muito desigual. Porque eu e os outros candidatos viajamos com as passagens do PT”, disse ele, lembrando que Edinho “passou um período viajando com avião, segundo ele disse, emprestado”.
Rui quer puxar mais o PT à esquerda e deixa claro que continuará fazendo críticas ao presidente Lula, seja como deputado ou como presidente do partido. Ele é um crítico, por exemplo, das medidas econômicas de ajuste fiscal de Haddad. Votou contra no Congresso. E se diz confortável nessa condição.
“Não precisa ser presidente do PT para fazer crítica. A crítica é um direito. Até porque o Lula, quando tomou posse, disse que não queria tapinha nas costas nem puxa-sacos, queria ser criticado quando fosse o caso”, disse ele.
O deputado presidiu o partido nos anos mais duros vividos pelo PT, com o impeachment, a prisão de Lula e a Lava Jato. Passou ileso de acusações de corrupção em todo esse período. Aos 81 anos, não pensava mais em cargos de direção. Mas mudou de ideia:
“É que a situação está tão grave, que eu não posso me furtar a tentar dar uma colaboração neste momento. A situação do mundo, do país, as dificuldades que a gente enfrenta, o ataque da extrema direita.”