O ministro Edson Fachin suspendeu os eventos de lançamentos de livros no STF com a presença de membros da corte. Incorporados nos últimos anos à rotina dos magistrados, as “noites de autógrafos” eram realizadas todas as quartas e quintas-feiras, logo após as sessões de julgamento no plenário.
No espaço da biblioteca do Supremo, em um dos prédios anexos ao principal, os ministros recebiam convidados, a maioria advogados, gente do meio jurídico, familiares e amigos, com comes e bebes, discursos e cobertura de imprensa, como em um lançamento de livro em noite de autógrafos de uma livraria particular, mas dentro da corte máxima do Judiciário brasileiro.
Na prática, a agenda dos lançamentos era social e também institucional. Para os interessados e convidados, servia de oportunidade para rápidos encontros com os ministros fora do ambiente das tribunas e dos gabinetes. Em geral, os autores – juristas, advogados, pesquisadores e até políticos – recebiam os convidados, vendiam os livros e assinavam suas dedicatórias nos exemplares.
Mas eram os ministros as “estrelas da festa”. Eles faziam breves passagens com direito a discurso de apresentação da obra e dos autores, com falas informais e sem delongas, poses para fotos, apertos de mão e saída repentina pelo elevador privativo. Os mais assíduos eram os ministros Gilmar Mendes, decano da corte, e Luís Roberto Barroso, aposentado há dez dias.
A suspensão pode não ser definitiva e Fachin ainda deve avaliar o assunto. Os custos e o trabalho envolvidos, a promoção de imagem do Supremo e as parcerias externas e com particulares são pontos que pesarão na decisão, esperada para 2026. A suspensão dos lançamentos de livros foi determinada sem alardes.

Austeridade e corpo presente
Na quarta-feira, 29, ao completar o primeiro mês na presidência do STF, preferiu prestigiar outro evento, muito menos glamoroso do que as noites de autógrafos. Ele desceu do seu gabinete, no terceiro andar do prédio principal, até o subsolo para participar do lançamento de uma campanha institucional pelos 37 anos da Constituição (fotos em destaque), com um mural de imagens de servidores do Supremo e escritos de trechos da carta magna.
Acompanhado pela mulher, Rosana Fachin, desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça do Paraná, o presidente do STF participou de uma homenagem do Dia do Servidor e se sentou nas cadeiras do refeitório – onde dificilmente um ministros é visto – para ouvir o coral dos servidores. Entre funcionários, assessores, jornalistas e, sempre, ao lado da “primeira-dama” do Judiciário, Fachin ouviu, assistiu, sorriu e aplaudiu. Foi o único dos atuais dez ministros a participar das homenagens.
