Depois das rumorosas manifestações do domingo, 21, contra a anistia para os condenados pelos atos golpistas, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o relator do texto, Paulinho da Força (SD-SP), devem rever os planos de votar ainda esta semana o projeto da “dosimetria” negociado com os líderes partidários. Sem apoio do PL e do PT, a proposta encontra dificuldade para ser aprovada no plenário e tende a ser adiada.
Ainda sem um texto para levar ao plenário, Paulinho tenta encontrar um meio-termo entre a anistia “ampla, geral e irrestrita”, apresentada pelo PL e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, e a rejeição completa de qualquer perdão aos culpados pela trama golpista, como quer o PT. “Um não quer nada e o outro quer tudo”, afirmou Paulinho ao PlatôBR, referindo-se às motivações dos partidos de Lula e Bolsonaro. As duas legendas, por razões distintas, trabalham pelo adiamento da votação.
Nesta terça, Paulinho retorna de São Paulo para Brasília, de carona com Motta no voo da FAB (Força Aérea Brasileira). Desde que foi nomeado relator, na semana passada, o deputado se empenha nas conversas com líderes partidários e outras autoridades, mas encontra dificuldades em fechar acordos, principalmente após os atos do último domingo.
Nesta segunda-feira, 22, ele planejou falar com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que não o atendeu. “Me pareceu que ele não quer entrar nesse assunto”, afirmou o deputado. “Liguei, ele não atendeu, deixei uma mensagem, ele não respondeu. Talvez não queira falar, vamos deixar assim”, disse Paulinho em conversa com o PlatôBR.
Além de Castro, o relator tentou conversar com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas também não conseguiu. Tarcísio ainda não se posicionou sobre a dosimetria e tem uma conversa marcada com o ex-presidente Jair Bolsonaro no próximo 29.
Outro que cancelou o encontro com Paulinho foi o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), que já sinalizou a interlocutores que encaminhará na reunião da bancada, prevista para esta terça, a posição de fechar o voto contrário à proposta de reduzir penas dos condenados.
Nesta terça, Paulinho se reunirá com líderes do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), do PDT, Mario Heringer (RJ), do Republicanos, Gilberto Abramo (MG), e do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), na busca de apoio para a proposta que reduz as penas dos condenados pela tentativa de golpe. Mesmo que eles aceitem a dosimetria, o relator ainda precisará amarrar outros acordos para garantir a aprovação do projeto.