As investidas do governo brasileiro por meio de canais diplomáticos e da articulação feita pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro da Indústria e Comércio Exterior, não têm obtido respostas do governo dos Estados Unidos à medida que se aproxima 1º de agosto, data marcada para o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente Donald Trump entrar em vigor. Fontes diplomáticas e o próprio Alckmin negam que os canais estejam fechados e seguem falando com representantes do governo norte-americano, mas admitem que a falta de respostas é um indicativo de que, sem o próprio Trump, nada avançará.

Diante do diálogo precário, a maior esperança do governo é que haja uma grita de empresários norte-americanos contra as medidas. Na semana passada, entidades como a U.S. Chamber of Commerce e a Amcham Brasil, que reúnem empresas de lá e de cá, alertaram que a imposição da tarifa pode “prejudicar gravemente uma das relações econômicas mais relevantes dos Estados Unidos”.

O clima em Brasília, porém, não é de otimismo. Representantes da indústria brasileira se ressentem de ainda não haver, por exemplo, uma mesa de negociações sobre as quais as demandas possam ser apresentadas. Empresários fizeram uma carta para tentar sensibilizar a Casa Branca, mas até agora não há qualquer sinal de que haverá resposta também a essa iniciativa.

Ao governo brasileiro, os representantes têm repetido o que desejam como resultado das tratativas oficiais: 1) no melhor dos mundos, um recuo de Trump na taxação; ou 2) em um cenário que a esta altura também não seria ruim, adiar em 90 dias o prazo para o tarifaço entrar em vigor.

Por enquanto, os sinais vindos dos Estados Unidos indicam que Trump não está nada sensível nem aos movimentos do governo nem aos da iniciativa privada. Os sinais que vieram de Washington até agora foram todos negativos: o presidente norte-americano disparou verbalmente contra os Brics e o Departamento de Estado anunciou a revogação dos vistos de ministros da Suprema Corte brasileira.

Nesta quarta-feira, 23, Alckmin teve reuniões com a indústria farmacêutica mas, à diferença do que vinha fazendo quase que diariamente, não deu entrevistas. Desde que assumiu a dianteira das negociações, junto com o chanceler, Mauro Vieira, o vice-presidente já recebeu mais de uma centena de empresários de diferentes setores, entre eles o do agronegócio e o de tecnologia.