A fumaça preta que saiu da Capela Sistina nesta quarta-feira, 7, confirmou as expectativas de que eram pequenas as chances de o novo papa ser escolhido no primeiro dia do conclave. A primeira votação ocorreu três horas depois de as portas da capela terem sido fechadas. Foi considerada a mais longa votação no primeiro dia dos três últimos conclaves.

Na manhã desta quinta-feira, 8, no Brasil, a chaminé instalada no topo da Capela Sistina voltou a expelir fumaça negra depois de mais duas rodadas de votação. Há previsão de dois novos escrutínios nas próximas horas, e os 133 cardeais aptos a votar podem escolher um novo papa ainda nesta quinta.

Como determina a tradição, poderá sair a fumaça branca, se já tiver sido escolhido um novo papa, ou a preta, se ainda não houver uma decisão, em votações previstas - no horário de Brasília -, às 5h30, 7h, 12h30 e 14h. Para ser eleito papa, são necessários pelo menos dois terços dos votos totais.

Uma das razões para a primeira votação ter ocorrido num prazo de três horas é o fato de a maioria dos cardeais estar em seu primeiro conclave. Oitenta por cento dos novos cardeais foram nomeados por Francisco e muitos vieram das chamadas periferias do mundo católico, como a África e a Ásia.

Por esses motivos, o escritor e religioso dominicano Frei Betto acredita que o conclave deve durar entre três e quatro dias. “Acho que leva esse tempo justamente pelo fato de eles não se conhecerem. São cardeais de 71 países. Todos ainda precisam usar crachá porque um não sabe o nome do outro. Isso nunca tinha acontecido”, observou Frei Betto.

Na avaliação do religioso dominicano, há muita divergência entre os 133 cardeais votantes, em razão de viverem realidades muito diferentes entre si. “Para muitos deles, o pontificado de Francisco foi uma surpresa. A maioria não imaginava que ele fosse tão progressista. Muitos discordavam e não acompanharam as posições dele. Há posições divergentes e não é fácil chegar a esse consenso”, avaliou o religioso.

Mesmo com discordâncias, algumas posições de Francisco sobre assuntos contemporâneos, como a defesa da paz, o combate às desigualdades sociais e às mudanças climáticas, necessariamente, estão no centro dos debates no conclave. Embora não seja possível adiantar se esses temas continuarão como prioridades do futuro papa, pode-se antecipar que permanecem entre as preocupações de boa parte da Igreja, principalmente, entre os moderados e os seguidores de Francisco.