Diferentes players do mercado brasileiro não trabalham com a expectativa de novas tarifas americanas contra o Brasil, mesmo com o início do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo. O cálculo de representantes da Indústria, Comércio e Agropecuária ouvidos pela coluna é pragmático: retaliar mais significaria, para Donald Trump, estrangular um mercado que hoje já está sob pressão por possibilidade de escassez de insumos, principalmente os agrícolas.
A principal leitura é de que o peso das commodities brasileiras no mercado americano pressiona por um afrouxamento das sanções impostas. Mas não sem muito esforço.
Não foram poucas as associações e federações – de diversos setores – que lançaram mão de contratos com lobistas americanos com trânsito direto na Casa Branca para tentar sensibilizar o entorno de Trump. A principal busca, hoje, é tirar as conversas do entorno da política e falar de business, apenas.
Uma liderança, que acompanha as negociações, reforçou que o setor já lida com juros altos e câmbio desfavorável e que não trabalha com o cenário de novas barreiras. O esforço é concentrado em reduzir as que já existem, por meio de articulação entre exportadores locais e importadores nos EUA. Há até iniciativas de judicialização para questionar a sobretaxa de 50% imposta por Trump em 2025.
Na contramão, István Kasznar, PhD em Economia e professor da FGV Ebape, avalia que há possibilidade de certos indicadores mostrarem uma elevação das tarifas.
“Como as taxas estão sendo usadas como um instrumento político, é possível recebermos mais taxações. Então não há o que descartar”, complementa.