O principal alvo da desinformação nos grupos de extrema direita de WhatsApp durante as eleições no ano passado foi o STF. Um levantamento junto a 20 grupos desse estrato político no WhatsApp e 30 no Telegram revelou que a desinformação no zap é de 17% e, no Telegram, de 7%. Os temas mais atingidos são Supremo (40%), economia (28%) e política nacional e internacional (23%).
A pesquisa foi feita pelo Aláfia Lab, um laboratório de pesquisas sobre internet e política, em parceria com o coLAB, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e a organização da sociedade civil Democracia em Xeque. O estudo apontou diferenças significativas na disseminação de desinformação entre as plataformas. Enquanto no Telegram predominam teorias da conspiração sobre tecnologia 5G, vacinas e queimadas na Amazônia, no WhatsApp o foco recai sobre política nacional e economia.
Foram analisadas 87.377 mensagens de 2.493 usuários de WhatsApp nos dois turnos eleitorais. No Telegram, foram 59.684 mensagens entre 16 de agosto e 29 de outubro. Chama a atenção que Israel, país sempre citado pelo bolsonarismo, aparece em quarto lugar no ranking de desinformação, com 17%. O tema em destaque no período da coleta das mensagens, as eleições municipais, foram uma vítima menor, com apenas 11% das conversas.
“Nossos dados mostram que os ataques ao STF, as pautas econômicas e de política internacional são flancos de desinformação política cultivadas pela extrema direita. Digo flancos porque uma fake news não pega de uma hora pra outra, ela precisa de terreno fértil, é um cultivo que vai sendo feito ao longo do tempo. A extrema direita tem cultivado isso, o que deixa o campo progressista extremamente vulnerável, como vimos no recente episódio do Pix”, afirmou à coluna Nina Santos, diretora-executiva do Aláfia Lab e pesquisadora na Universidade Federal da Bahia (UFBA).