Se o STF levou dois dias para analisar a denúncia contra o primeiro núcleo da trama golpista, que inclui Jair Bolsonaro, o mesmo não é esperado para a segunda leva de acusados. O chamado "Núcleo 2" da denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, tem julgamento agendado para começar nesta terça-feira, 22. Apesar de terem sido reservados dois dias de sessões, os ministros devem decidir tudo em apenas um dia.
As questões que tomariam mais tempo, as chamadas preliminares, já foram resolvidas na análise da denúncia do Núcleo 1, e isso tende a tornar o julgamento mais rápido. As defesas dos outros núcleos apontaram as mesmas questões - dentre elas, o foro indicado para processar e julgar os acusados e a suposta nulidade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
Em março, quando a Primeira Turma do STF recebeu a denúncia contra Bolsonaro e mais sete acusados de tramarem um golpe, os ministros negaram as alegações preliminares. Portanto, no próximo julgamento, o mais provável é que os debates iniciais sejam curtos.
A decisão sobre o recebimento da denúncia obedece a critérios técnicos. Se os ministros detectarem indícios mínimos de que os crimes foram cometidos, e que os atos podem de fato ser imputados aos acusados, como pede a PGR, a denúncia é recebida. O mais provável é que isso aconteça ainda nesta terça, com a abertura de uma ação penal contra mais seis investigados.
O núcleo
No grupo que terá a denúncia analisada está o general da reserva do Exército Mário Fernandes, acusado de ter participado do plano de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. O militar está preso preventivamente desde o ano passado.
Também está na mira do STF o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques. Ele é acusado de ter tentado beneficiar Bolsonaro nas eleições de 2022 porque teria determinado o bloqueio de rodovias em redutos de Lula no Nordeste para impedir eleitores de irem às urnas. Foram impostas medidas restritivas a Vasques - como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de deixar o país e de se comunicar com outros investigados.
Ainda foram denunciados no mesmo núcleo os delegados da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira e Marília Ferreira de Alencar, o ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República Filipe Martins e o coronel da reserva do Exército e ex-assessor da Presidência da República Marcelo Costa Câmara.