Confirmado na quarta-feira, 30, o tarifaço saiu menor do que as ameaças de Donald Trump. Prevista para afetar todos os produtos brasileiros, a taxação imposta pelo governo americano afeta em torno de 35% das exportações. Ficaram fora das sanções, por exemplo, os setores de aviação, suco de laranja e café. Entre os itens prejudicados estão a carne e o café.
Do ponto de vista político, as medidas evidenciam a influência do grupo liderado por Jair Bolsonaro sobre a Casa Branca. O aumento das tarifas, inegavelmente, decorre da atuação nos Estados Unidos de defensores do ex-presidente, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, e Paulo Figueiredo, blogueiro e militante.
A vitória dos bolsonaristas, no entanto, deixa sequelas. Ao liderar as pressões que levaram às sanções, Eduardo se desgasta com uma parcela significativa de sua base política empresarial, bem representada no Congresso. O fato de trabalhar contra os interesses dos exportadores brasileiros pode alavancar um pedido de cassação de seu mandato puxado pela ala governista.
Para o governo, esse episódio abre um flanco para a construção de um discurso eleitoral nacionalista para o ano que vem. Nos últimos anos, essa bandeira foi empunhada por Bolsonaro e seus seguidores.
Datafolha: 89% dos brasileiros acham que taxação prejudica a economia
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 31, mostra que 89% dos consultados avaliam que o tarifaço de Donald Trump vai prejudicar o Brasil. Desse total, 66% entendem que a medida vai “prejudicar muito” o país, enquanto 23% acham que prejudicará “um pouco”.
Governo Trump usa Lei Magnitsky contra Moraes
Na mesma quarta-feira, 30, o governo Trump formalizou sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, do STF, com base na Lei Magnitsky, aprovada durante o governo Obama para punir estrangeiros corruptos ou que atentem contra os direitos humanos.
Pela decisão, segundo o governo americano, Moraes tem bloqueados bens que eventualmente possua nos Estados Unidos e fica impossibilitado de utilizar cartões de crédito de bandeira americana para realizar transações com empresas e cidadãos do país.
Publicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro dos Estados Unidos, essa medida foi comemorada pelos bolsonaristas. Relator dos processos relacionados à tentativa de golpe de Estado, o ministro é o principal alvo da campanha contra o Supremo deflagrada pelo grupo do ex-presidente para tentar evitar sua prisão.
Polícia italiana prende Carla Zambelli
Condenada a dez anos de cadeia por invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na Itália, onde estava foragida, na terça-feira, 29. A parlamentar participa nesta sexta-feira de uma audiência de custódia em Roma e um juiz decidirá se ela responderá em liberdade ao pedido de extradição feito pelo governo brasileiro.
Zambelli foi uma das mais destacadas integrantes da base bolsonarista no Congresso, mas se desgastou com o ex-presidente por ter apontado uma arma para um jornalista na véspera da eleição de 2022. Para o ex-presidente, esse episódio contribuiu para sua derrota nas urnas naquela disputa.