Um mês depois da entrada em vigor do tarifaço de Donald Trump sobre importações químicas, empresas brasileiras já relatam exportações paralisadas para os Estados Unidos. A informação é de André Passos, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química.

Apesar do recorde das exportações brasileiras de janeiro a agosto (US$ 227,6 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), a química segue na contramão: depende 50% de importados para abastecer o mercado interno e vê concorrentes estrangeiros venderem mais barato, graças ao acesso a gás natural e energia a preços competitivos. Em 2024, a indústria química brasileira teve faturamento de US$ 158,6 bilhões, déficit externo de US$ 48,7 bilhões e capacidade instalada ociosa em torno de 60%.

Na avaliação da associação, o tarifaço norte-americano pode acelerar o debate em Brasília, mas a urgência não dá trégua: “Precisamos de resposta imediata. Caso contrário, vamos assistir à corrosão definitiva da base industrial do país”, alerta Passos.

Para enfrentar a crise, o setor pressiona o governo em três frentes: redução do custo das matérias-primas (como gás natural, etano e propano), renovação das medidas de defesa comercial para evitar avalanche de importados e a aprovação do PL 892/25, que cria o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química.