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Toffoli rejeita pedidos de ex-líder de Bolsonaro e de doleira contra a Lava Jato

Dias Toffoli, que tem implodido a Lava Jato, entendeu que mensagens hackeadas não mostraram conluio contra Ricardo Barros e Nelma Kodama

Foto: Fellipe Sampaio/STF
Foto: Fellipe Sampaio/STF

Autor das sucessivas decisões que têm implodido o que restou da Lava Jato, Dias Toffoli vira e mexe nega pedidos de alguns alvos da operação. Nessa quinta-feira, 27, foram duas as negativas do ministro do STF. Tiveram solicitações rejeitadas o deputado licenciado Ricardo Barros, do PP do Paraná, ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara, e a doleira Nelma Kodama.

Nos dois casos, os advogados alegavam, com base em mensagens hackeadas da Lava Jato, que eles foram alvos de ilegalidades na operação. Barros citava supostas armações dos procuradores da força-tarefa contra ele. Nelma apontou ter sido vítima de um conluio entre o Ministério Público Federal e o ex-juiz Sergio Moro.

Como mostrou o PlatôBR em dezembro, Ricardo Barros pediu para Toffoli anular a Operação Volt, que cumpriu um mandado de busca e apreensão contra ele em setembro de 2020. A ação do Ministério Público do Paraná mirou supostos pagamentos de cerca de R$ 5 milhões a Barros por intermediar a venda de uma fatia do Grupo Galvão em uma empresa de energia à Copel, estatal de energia do Paraná, entre 2011 e 2013.

As investigações levaram à abertura de uma ação penal na Justiça Eleitoral do Paraná contra Ricardo Barros em novembro de 2021, pelos crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de influência e falsidade ideológica eleitoral, o caixa dois, já que parte do dinheiro teria sido paga ilegalmente como doações de campanha.

Embora a Operação Volt não seja um desdobramento da Lava Jato, a defesa de Ricardo Barros argumentou que as investigações contra ele foram baseadas em delações premiadas de executivos do Grupo Galvão, firmadas no contexto da operação.

Já Nelma Kodama, como informou a coluna nessa quinta, pedia a anulação de todos os atos da Lava Jato contra ela. A doleira foi condenada por Moro a 18 anos de prisão.

Para Dias Toffoli, no entanto, nem Barros nem Nelma demonstraram com clareza terem sido alvos de jogo combinado na Lava Jato — como nos casos em que ele anulou ações e condenações, beneficiando alvos como Marcelo Odebrecht, Antonio Palocci e Leo Pinheiro.

Em relação a Ricardo Barros, o ministro observou que os diálogos “referem-se apenas a conversas entre membros do Ministério Público Federal que mencionam o requerente como alvo de investigações”.

Quanto a Nelma Kodama, Toffoli avaliou que as mensagens em que Sergio Moro tratou com Deltan Dallagnol sobre a delação da doleira “dizem respeito apenas à conveniência, nos termos a serem definidos pelo membros do Ministério Público Federal, de realização do acordo de colaboração premiada”.

Tanto Barros quanto Nelma ainda podem recorrer da decisão de Toffoli.

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