O agricultor gaúcho chegou à tradicional Expointer, uma das maiores feiras agropecuárias da América Latina, em Esteio (RS), sem fôlego para investir. Depois de sucessivos ciclos de seca e das enchentes recentes, muitos produtores estão endividados, sem acesso a crédito e sem condições de renovar o maquinário. O tarifaço americano, por sua vez, também pesa na balança: ao ampliar a incerteza sobre o futuro da produção, reforça a decisão de empresários e agricultores de adiar compras e segurar investimentos.

A trava no bolso do campo atingiu em cheio a indústria de máquinas agrícolas, que concentra 61% da produção nacional no Rio Grande do Sul. Na Expointer, as vendas caíram quase pela metade, reflexo de um setor que soma clima, juros proibitivos e insegurança gerada pelas sanções comerciais dos Estados Unidos.

Segundo Ana Paula Werlang, diretora executiva do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul, o ambiente econômico explica a cautela. Disse ela:

“O agricultor não está investindo, está segurando o que tem. Ano passado foi o boom. Este ano, o momento de incerteza que vivemos na economia foi retratado na Expointer.”

O setor tem buscado alternativas junto ao BNDES, mas a equação segue desfavorável. Embora haja linhas de crédito disponíveis, a avaliação recorrente é de que os juros inviabilizam a operação.