A infectologista brasileira Rosana Richtmann foi uma das principais vozes que se levantaram nos últimos dias contra a escandalosa decisão do CDC, centro de controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos, de retirar de seu site o enunciado de que vacinas não causam autismo.
A explicação da agência, controlada pelo secretário de saúde Robert Kennedy Jr., um antivax de carteirinha, foi ainda pior: “A afirmação ‘as vacinas não causam autismo’ não é baseada em evidências, pois estudos não descartaram a possibilidade de que vacinas infantis causem autismo”.
“Infelizmente o CDC se desmantelou. Ele, que sempre foi, eu diria, o órgão balizador para toda a América Latina. Por uma canetada, foram demitidos inúmeros experts que trabalhavam de uma forma muito séria, idônea, isenta do ponto de vista de interesses”, lamentou a médica.
A postura do governo Donald Trump preocupa as autoridades de saúde no Brasil. Desde a pandemia de Covid-19, o movimento antivacina cresceu no país, sobretudo entre famílias mais abastadas. A infectologista disse que os efeitos da postura do CDC podem atingir pessoas classificadas como “hesitantes” — ou seja, quem não é contra vacinas e já foi imunizado, mas se assusta diante de tantas opiniões sensacionalistas.
Nos Estados Unidos, o efeito danoso é evidente.
“Eles estão com um surto de sarampo que não tinham há muito tempo. Criança morrendo de sarampo é um retrocesso enorme, porque a vacina tem uma proteção de praticamente 100%”, afirmou Richtmann.
A médica destacou, no entanto, que o Brasil segue em linha diametralmente oposta à dos Estados Unidos e lança mais vacinas, como a da dengue e a da bronquiolite, doença que atinge, sobretudo, bebês.
“Temos vacina segura e, a partir dos próximos dias, começa oficialmente a vacinação gratuita de todas as gestantes brasileiras para bronquiolite”, afirmou Rosana Richtmann. Ela avaliou que, em 2026, haverá, provavelmente, “uma diminuição importante de casos de hospitalização por causa dessa doença na pediatria”.
