A Netflix anunciou na quarta-feira, 2, o aporte de R$ 5 milhões em um projeto de restauração e modernização da Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Esse, no entanto, é apenas parte do volume que a instituição almeja captar por meio de leis de incentivo à cultura, como a Rouanet. A instituição também amealhou R$ 1 milhão com o Itaú e aguarda a liberação de outros R$ 10 milhões junto ao BNDES.
Presidente do conselho de administração da Cinemateca, o gestor cultural Carlos Augusto Calil defendeu a parceria com a iniciativa privada como forma de sobrevivência da instituição no longo prazo, mas reforçou, em conversa com a coluna, que os recursos aportados para a manutenção do espaço são públicos.
“A Cinemateca é um órgão do governo federal e, por isso, recebe uma verba anual para sua manutenção, mas essa verba é insuficiente. A Cinemateca precisaria do dobro desse valor para poder ter a sua atividade plenamente desenvolvida”, avaliou.
“Mas é preciso que se entenda que não estamos falando de dinheiro privado, é dinheiro público. O privado deixa de pagar imposto e dirige isso para uma atividade. A rigor, estamos falando de dinheiro público via incentivo fiscal.”
A quantia destinada por meio de renúncia fiscal pela Netflix ajudará a Cinemateca Brasileira a modernizar a sala Oscarito, que homenageia uma das lendas da comédia popular do país.
Com a obra, o espaço será redesenhado, perdendo cerca de 10% do número de lugares que tem hoje, e reequipado com equipamentos de ponta e para atender os novos padrões de acessibilidade.
“Essa será uma sala menor, mas de referência de exibição para quando o cineasta precisar, por exemplo, de um laboratório para testar o resultado de um filme ou restauro.”
Para a obra começar, no entanto, a Cinemateca aguarda a liberação de R$ 10 milhões pelo BNDES – o que Calil estima que acontecerá até o fim deste ano.
Com isso, a instituição completaria R$ 16 milhões amealhados, ultrapassando a metade dos R$ 29 milhões que a instituição quer captar.
“Chegando a R$ 16 milhões, a gente ultrapassa metade do valor autorizado e libera o uso desse dinheiro para o valor possível”, disse Calil.
Com o valor total, a instituição também pretende modernizar alvenarias, climatização de espaços internos e áreas de pesquisa. A melhoria do centro de documentação é vista como crucial para que se conserve documentos históricos da cinematografia brasileira e que se evite novos incêndios no local.