Uma semana depois de encontrar Lula da Silva em uma audiência privada no Vaticano, o papa Leão XIV recebeu mais um político brasileiro com intenção de disputar as eleições presidenciais no ano que vem. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), realizou uma missão oficial a Roma e cumprimentou o papa em um palanque na Praça São Pedro.

No encontro, Zema entregou presentes típicos do estado: café, queijo, doce de leite, uma bandeira de Minas Gerais, um estandarte em homenagem à Nossa Senhora da Piedade, padroeira do estado, e um terço em palmas barrocas produzido por artesãs da cidade de Sabará (MG).

A visita ao papa foi parar nas redes do governador, que tenta um voo de pré-candidato à Presidência da República e luta para ser mais conhecido fora dos limites de seu estado.

Entre os governadores
Desde que anunciou sua intenção de concorrer, Zema não tem tido um bom desempenho nas pesquisas e não consegue ficar entre favoritos para concorrer contra a reeleição de Lula. Mas ele segue entre os governadores cotados para encabeçar uma chapa da direita que, já se sabe, não terá Jair Bolsonaro, hoje inelegível e preso pela condenação por tentativa de golpe de Estado.

Além de Zema, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como favorito da oposição nas pesquisas, do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), se movimentam para projetar seus nomes no âmbito nacional e buscam acordos que pavimentem suas candidaturas.

Estratégia
No Novo, a candidatura de Zema é levada a sério. Ele tem participado de encontros do partido em vários estados para tentar se tornar mais conhecido. A ideia é que os quatro governadores da direita lancem seus nomes no primeiro turno e, se houver segundo, se juntem contra Lula, que estará no páreo, segundo as pesquisas atuais.

Zema cumpre um papel estratégico, principalmente, para os que apoiam o nome de Tarcísio como antagonista de Lula em 2026. Para esse grupo, a tarefa do governador é “segurar” Minas Gerais para a oposição e impedir que os eleitores de centro-direita, especialmente no norte do estado, migrem para Lula. O estado é considerado uma síntese do Brasil e, nas projeções da oposição, vai mais uma vez refletir o jogo jogado no plano nacional.

Revés
O governador tem sofrido, no entanto, alguns reveses. Além de não ter decolado como nome competitivo para o embate com Lula no plano nacional, ele enfrenta problemas políticos internos. A migração de seu vice, Mateus Simões, do Novo para o PSD deu uma chacoalhada na política mineira. Simões teve o nome lançado por Zema como sucessor assim que foi reeleito governador, em 2022. Agora, Simões busca um voo solo e tem se destacado justamente em uma área que Zema sofre críticas: o apoio aos prefeitos que reclamam que ele não atende a demandas municipais e ameaçam retaliar nas eleições de 2026.

Pedidos apresentados em setembro por prefeitos reunidos na Associação Mineira de Municípios (AMM) ficaram na gaveta do governador e Simões, visto como um municipalista de primeira hora, já se movimenta para ocupar esse espaço político deixado pelo governador, que está mais de olho no cenário nacional.