Em jantar no Palácio da Alvorada na segunda-feira, 17, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ter optado pela indicação do ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, para a vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso. Na conversa, Lula também disse a Pacheco que gostaria que ele fosse candidato ao governo de Minas Gerais em 2026.

O senador, no entanto, rejeitou a ideia. Argumentou que pretende encerrar a carreira política quando terminar o mandato, no início de 2027. Um dos fatores alegados por Pacheco é o fato de que ele se vê isolado dentro do PSD após o movimento feito pelo presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, de filiar o vice-governador Mateus Simões para que ele dispute o governo de Minas em 2026. 

Para aliados de Messias, ao conversar com Pacheco, Lula venceu o último obstáculo que faltava para que a indicação de Messias seja anunciada. Antes, o petista já havia vencido outra barreira ao avisar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), sobre sua escolha. Além disso, o presidente contemplou Alcolumbre com cargos no governo e com a autorização para a prospecção de petróleo na Margem Equatorial, empreendimento defendido pelo senador. 

“Dois pontos eram considerados cruciais: a necessidade de Lula falar com Alcolumbre e com Pacheco. Isso já foi feito. Agora, a eventual indicação será feita levando em consideração a conjuntura política. Lula saberá o momento”, disse, sob reserva, um interlocutor do governo. 

Estratégia
Messias se prepara para visitar os gabinetes dos senadores assim que a indicação for oficializada. Entre as pessoas mais próximas, prevalece o entendimento de que o clima no Senado tende ficar mais ameno em relação ao seu nome do que na sabatina de recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, aprovado com 46 votos a favor, apenas quatro a mais do que o mínimo necessário.

A avaliação é que as variáveis que rondam a indicação de Messias não são as mesmas que definiram o placar de Gonet. Entre as diferenças, aliados de Messias indicam como principal trunfo o fato de ele ser evangélico. Além disso, Messias já tem recebido senadores, tanto governistas como de oposição, em seu gabinete, o que facilitará sua jornada de pedidos de votos no Senado. 

Pessoas próximas de Messias também indicam que Gonet confiou sua recondução muito à articulação de Alcolumbre, não fazendo o chamado “beija-mão” costumeiro dos indicados a cargos que precisam da aprovação dos senadores. Messias vai fazer diferente. Com o fator Alcolumbre “neutralizado”, ele pretende pedir votos pessoalmente a cada um dos senadores.