O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 23, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um “homem muito legal” (“very nice man”) e que os dois se abraçaram e combinaram de se encontrar na próxima semana. Ele não detalhou a data exata, nem como nem onde ocorrerá a conversa.

As declarações foram feitas durante discurso na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, logo após a fala de Lula. Os dois presidentes se encontraram nos bastidores. Apesar do afago a Lula, Trump defendeu o tarifaço e criticou o que chamou de “perseguição política” no Brasil, referindo-se às medidas adotadas contra os acusados de envolvimento na trama golpista e nos ataques a instituições.

“Nós o vimos, eu o vi. Ele me viu e nos abraçamos. E então eu disse: ‘Você acredita que vou falar em apenas dois minutos?’ Na verdade, combinamos de nos encontrar na semana que vem. Não tivemos muito tempo para conversar, uns vinte segundos e pouco, pensando bem”, disse o presidente americano.

“Tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na semana que vem, se isso for do interesse dele. Mas ele parece um homem muito legal. Na verdade, ele… ele gostou de mim, eu gostei dele, mas… e eu só faço negócios com pessoas de quem gosto, eu não faço (negócios) quando não gosto da pessoa. Quando não gosto, eu não gosto.”

Esta é a primeira vez que Lula e Trump desde a eleição de Lula para um terceiro mandato, em 2022, e o retorno de Trump à Casa Branca, em 2025. Nos últimos meses, por causa do tarifaço imposto pelo governo americano e de sanções aplicadas a autoridades brasileiras, como o ministro do STF Alexandre de Moraes, os dois países atravessaram uma crise diplomática sem precedentes.

Em um longo discurso de quase uma hora de duração, Trump mencionou as medidas aplicadas contra o Brasil que, em sua opinião, “enfrenta grandes tarifas em resposta a seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e nas liberdades de nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, uso político das instituições, corrupção judicial e perseguição a críticos políticos nos Estados Unidos”.

Da tribuna da Assembleia Geral, Trump fez críticas à ONU, questionou as iniciativas globais contra as mudanças climáticas e teceu uma série de autoelogios, especialmente na economia e nas medidas anti-imigração. Ele disse, por exemplo, que os Estados Unidos vivem uma era de ouro sob seu governo.

O discurso de Trump foi feito logo depois da apresentação de Lula. Sem citar o americano, o petista abordou os principais temas da política externa brasileira e fez duras críticas à ofensiva dos Estados Unidos contra o Brasil.