Para Carlos Zarattini, deputado federal pelo PT, o presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta pode até ser mais aberto ao diálogo do que Arthur Lira, mas é menos confiável em cumprir acordos. Ele criticou especialmente a mudança repentina na pauta da Câmara, que ocorreu após Motta liberar os deputados da presença física em Brasília e depois incluir uma nova votação-surpresa. Sem aviso prévio, foi incluída na noite de terça-feira, 24, a votação do projeto que derrubava o decreto do governo sobre a alíquota do IOF.
Zarattini criticou a postura de Hugo Motta em entrevista ao canal de notícias Amado Mundo, no programa Matinal, na manhã desta quinta-feira, 26. Disse o petista na entrevista:
“Essas pautas surpresas nunca ajudam o debate. Nunca ajudam, inclusive, a estabelecer uma confiança entre os atores políticos, porque uma coisa fundamental na política é a gente ter confiança no interlocutor. Na hora que você não confia mais nele, você fica em que situação? Você não é capaz de estabelecer acordos. Então, eu acho que houve um equívoco da parte dele de ter adotado essa atitude de mudar a pauta repentinamente.”
Na entrevista, o vice-líder do governo no Congresso também defendeu o decreto derrubado que previa o aumento da tributação sobre algumas operações financeiras, argumentando que ele visava aumentar a tributação sobre os mais ricos e sobre operações financeiras que hoje são isentas, como o “risco sacado”.
“Nós estamos procurando aumentar o imposto naqueles que ganham mais, naqueles que não pagam”, esclareceu Zarattini.
Questionado sobre como o governo pretende reagir à derrubada, o deputado afirmou que ainda não há decisão sobre ir ao STF, mas a possibilidade está sendo considerada.